quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Sócrates e as Perguntas

Não sabemos o que é mais difícil para o pai do Philinus: arranjar um emprego ou responder às perguntas do filho!

Mas, ele vai ter que ter bastante paciência, pois, além de ser uma criança naturalmente curiosa, o Philinus ainda foi ler sobre ninguém menos que o pai de todas as perguntas: Sócrates!

Por que tamanha afeição de Sócrates por perguntar?

No tempo em que viveu (470 – 399 a.C), Sócrates estudou com dedicação as doutrinas de seus antecessores e chegou à conclusão de que elas eram um punhado de ideias incompletas e conflitantes.

Uma de suas críticas aos pensadores que vieram antes deles era que eles estavam demasiadamente preocupados em conhecer a realidade da natureza e do universo, deixando de lado o ser humano. Sócrates não deixava de reconhecer a importância daqueles conhecimentos, mas, para ele, o mais importante era conhecer o que é bom, o que é certo, o que é justo para o ser humano.

Pensando assim, Sócrates tinha inúmeras perguntas em sua cabeça, e reconhecia que ninguém tinha respostas absolutas para nenhuma delas. Desse modo, perambulava pelas ruas de Atenas lançando questões básicas sobre moral, política, crenças e comportamentos. A cada resposta dada, propunha novas perguntas, e ia, pouco a pouco, engajando seus interlocutores em uma discussão cujo objetivo não era chegar a nenhuma resposta categórica, mas promover a reflexão e a autoanálise de suas crenças. Sua ideia era fazer com que as pessoas se livrassem das falsas certezas e preconceitos que possuíam e caminhassem em direção à verdade. 

Mas, a verdade é que a verdade às vezes incomoda. Por ter uma postura crítica e racional, Sócrates exercia uma influência subversiva sobre os atenienses, pois os ensinava a pensar. Os homens poderosos tinham medo de terem seu conhecimento contestado e logo arrumaram um jeito de calar o sábio.

Sócrates foi preso por corrupção da juventude e por não aceitar os deuses reconhecidos pelo estado, introduzindo novos cultos. Sua pena? Beber cicuta, um veneno letal! Porém, antes de executar esse plano, o Tribunal de Atenas deu ao condenado uma última oportunidade de sobreviver: Sócrates poderia se defender e negar suas crenças e ideias.

Tendo por princípio que o ser humano deve lutar para preservar sua integridade acima de tudo, Sócrates optou por não abrir mão de suas convicções e preferiu morrer a ter que acatar uma visão de mundo com a qual não concordada. Toda sua vida havia sido pautada por uma conduta ética e, para ele, permanecer fiel aos seus valores lhe daria a paz necessária e a credibilidade moral para ser bem recebido pelos deuses. 

Morreu o sábio, porém não suas ideias. Os sucessores de Sócrates cuidaram de manter vivo seu pensamento, aprimorando-o e abrindo espaço para novos questionamentos e novas reflexões.

De certa maneira, podemos dizer que o Philinus é um dos herdeiros desse grande pensador. Como Sócrates, ele acredita que é perguntando que nos aproximamos da verdade e encontramos (ou contestamos!) o sentido das coisas.

Fontes consultadas: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/socrates-o-metodo-socratico-e-o-parto-das-ideias.htm

http://www.infoescola.com/filosofia/apologia-de-socrates/


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