terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Férias do Philinus


Fim de ano é tempo de férias!
Mas não se preocupem: após um merecido descanso, a turma do Philinus retornará no dia 26 de janeiro.
Enquanto isso, que tal reler as tiras e os textos já publicados aqui no blog ou na Fanpage do Philinus no Facebook?
A equipe do Philinus Comics deseja a todos um excelente Ano Novo, cheio de paz, amor e muita, muita diversão.
Nos vemos em 2016!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Aristóteles e a arte

Dependendo da ocasião, citar Aristóteles pode não ser a melhor das ideias. Pelo menos quando o assunto é uma arte produzida com “puro sentimento”, como a da Sarinha.

E já que a nossa artista não costuma levar desaforo para casa, resolveu responder à citação de Aristóteles feita pelo Philinus na lata. Ou melhor, com a lata.

Mas o que, afinal, Aristóteles pensava sobre a arte?

Para esse antigo filósofo grego, a arte é, basicamente, a capacidade de transformar os materiais, dando-lhes uma forma. A natureza nos oferece uma série de materiais (madeira, mármore, algodão, borracha, sons, etc) que, por estarem em estado bruto, não apresentam um aspecto ou configuração definida. Quando o homem se apropria desses materiais e os transforma de maneira ordenada, não aleatória como na natureza, ele cria algo belo. Ele cria arte. Uma peça de mobília bem feita, por exemplo, pode ser uma obra de arte.

Para Aristóteles, uma coisa bela é simplesmente o resultado do domínio que o artista tem de sua técnica. O objetivo maior da técnica é transformar aquilo que está em estado natural em algo ordenado e simétrico, onde as diferentes partes formam um todo harmônico e belo.

A música é um bom exemplo. Quantas combinações de notas musicais são possíveis? Nesse caso, as notas musicais são as diferentes partes e a melodia é o resultado da organização dessas notas em um todo – a música – ordenado e harmonioso. Para se criar a melodia, uma sucessão coerente de sons e silêncios deve ser executada. Do contrário, só ouviremos ruídos.

Para Aristóteles, portanto, a arte necessita de uma organização e uma composição harmoniosa entre as partes disponíveis.

O filósofo grego também defendia que a arte deve sempre criar algo novo. Ao fazermos uma pintura, podemos até nos inspirar em um modelo original, mas jamais conseguiremos copiá-lo. Toda criação artística é uma representação e uma transformação, não uma cópia. Se olharmos a natureza com atenção, certamente encontraremos muitas falhas ou deficiências: um tronco torto, uma fruta deformada, uma semente podre. Essas imperfeições não precisam aparecer na arte, já que esta tem a possibilidade de “corrigir” as falhas naturais e representar os objetos em seu estado de perfeição.

Podemos dizer que, para o filósofo, a arte não seria nem real nem ilusão, e sim algo situado entre os dois.

Bem, quem sabe se da próxima vez o Philinus explicar para a Sarinha o que pensava Aristóteles a respeito da arte ele não escape de outro banho de tinta? Hum… Pensando bem, é melhor não…

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O que as roupas dizem de nós

Ô, dureza! O pai do Philinus tem se esforçado para conseguir um emprego, mas a sorte parece não estar ajudando. Ele bem que tentou aparentar ser melhor que o concorrente, vestindo um sofisticado terno e colocando uma bela gravata. Pois é, mas não adiantou!

Comunicar algo por meio da vestimenta é uma característica que acompanha o ser humano desde os tempos mais remotos, quando alguém teve a ideia de se cobrir com folhas ou com uma pele de animal.

Diferentes povos, em diferentes tempos, atribuíram às roupas diversos valores associados à expressão cultural, social, religiosa, artística e até política.

No Egito Antigo, por exemplo, era proibido usar roupa de lã em templos e santuários. Esse tipo de tecido  era considerado impuro por ser de origem animal. Por isso, a maioria das pessoas usava roupas confeccionadas com linho.
Gente comum calçava sandália com correias de couro, mas políticos e sacerdotes importantes se diferenciavam por usarem calçados com correias de papiro, algo considerado de maior status na época.
Homens e mulheres das classes mais altas também usavam perucas feitas de cabelo natural e ostentavam joias grandes e pesadas.
Já os mais pobres usavam somente um tapa-sexo, andando por aí, quase que literalmente com uma mão na frente e outra atrás.

Na Grécia Antiga, a “moda” não era muito diferente: os escravos – que constituíam a camada menos favorecida da população – vestiam somente uma tanga, enquanto que as pessoas em geral usavam chiton, uma espécie de camisola enrolada no corpo e presa com alfinetes, acompanhada de um cinto de couro.
Os mais ricos costumavam tingir suas roupas com cores vibrantes e as mulheres se enfeitavam com brincos, colares, anéis, pulseiras e argolas para as pernas.

Já na Babilônia, homens e mulheres usavam túnica – espécie de camisolão comprido – acompanhada por um manto. No entanto, a vestimenta masculina era mais curta e colorida, ao passo que a feminina devia obrigatoriamente ser da cor azul e tocar os tornozelos.
Os ricaços usavam túnicas feitas de linho ou seda, e os mais pobres, quando muito, conseguiam se vestir com roupas feitas de peles de animais.

E nos dias de hoje? Será que as roupas continuam falando sobre seus usuários, suas condições e suas aspirações?

Muitas pessoas se preocupam mais com o quê vestem do que com as ideias e atitudes que cultivam, não é mesmo?

Será que cuidamos da nossa essência, aquilo que somos internamente, com o mesmo zelo e entusiasmo com que cuidamos da nossa aparência exterior? Será que uma roupa de marca, às vezes comprada com sacrifício e para não ficarmos ‘fora de moda’, revela de fato quem somos ou a classe social a que pertencemos? Ou será que ela esconde?

Como diz o grande poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare: “Oh! Que formosa aparência tem a falsidade!”

Quem sabe o pai do Philinus não esteja precisando pensar um pouco sobre essas coisas...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Sócrates e as Perguntas

Não sabemos o que é mais difícil para o pai do Philinus: arranjar um emprego ou responder às perguntas do filho!

Mas, ele vai ter que ter bastante paciência, pois, além de ser uma criança naturalmente curiosa, o Philinus ainda foi ler sobre ninguém menos que o pai de todas as perguntas: Sócrates!

Por que tamanha afeição de Sócrates por perguntar?

No tempo em que viveu (470 – 399 a.C), Sócrates estudou com dedicação as doutrinas de seus antecessores e chegou à conclusão de que elas eram um punhado de ideias incompletas e conflitantes.

Uma de suas críticas aos pensadores que vieram antes deles era que eles estavam demasiadamente preocupados em conhecer a realidade da natureza e do universo, deixando de lado o ser humano. Sócrates não deixava de reconhecer a importância daqueles conhecimentos, mas, para ele, o mais importante era conhecer o que é bom, o que é certo, o que é justo para o ser humano.

Pensando assim, Sócrates tinha inúmeras perguntas em sua cabeça, e reconhecia que ninguém tinha respostas absolutas para nenhuma delas. Desse modo, perambulava pelas ruas de Atenas lançando questões básicas sobre moral, política, crenças e comportamentos. A cada resposta dada, propunha novas perguntas, e ia, pouco a pouco, engajando seus interlocutores em uma discussão cujo objetivo não era chegar a nenhuma resposta categórica, mas promover a reflexão e a autoanálise de suas crenças. Sua ideia era fazer com que as pessoas se livrassem das falsas certezas e preconceitos que possuíam e caminhassem em direção à verdade. 

Mas, a verdade é que a verdade às vezes incomoda. Por ter uma postura crítica e racional, Sócrates exercia uma influência subversiva sobre os atenienses, pois os ensinava a pensar. Os homens poderosos tinham medo de terem seu conhecimento contestado e logo arrumaram um jeito de calar o sábio.

Sócrates foi preso por corrupção da juventude e por não aceitar os deuses reconhecidos pelo estado, introduzindo novos cultos. Sua pena? Beber cicuta, um veneno letal! Porém, antes de executar esse plano, o Tribunal de Atenas deu ao condenado uma última oportunidade de sobreviver: Sócrates poderia se defender e negar suas crenças e ideias.

Tendo por princípio que o ser humano deve lutar para preservar sua integridade acima de tudo, Sócrates optou por não abrir mão de suas convicções e preferiu morrer a ter que acatar uma visão de mundo com a qual não concordada. Toda sua vida havia sido pautada por uma conduta ética e, para ele, permanecer fiel aos seus valores lhe daria a paz necessária e a credibilidade moral para ser bem recebido pelos deuses. 

Morreu o sábio, porém não suas ideias. Os sucessores de Sócrates cuidaram de manter vivo seu pensamento, aprimorando-o e abrindo espaço para novos questionamentos e novas reflexões.

De certa maneira, podemos dizer que o Philinus é um dos herdeiros desse grande pensador. Como Sócrates, ele acredita que é perguntando que nos aproximamos da verdade e encontramos (ou contestamos!) o sentido das coisas.

Fontes consultadas: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/socrates-o-metodo-socratico-e-o-parto-das-ideias.htm

http://www.infoescola.com/filosofia/apologia-de-socrates/