terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Férias do Philinus


Fim de ano é tempo de férias!
Mas não se preocupem: após um merecido descanso, a turma do Philinus retornará no dia 26 de janeiro.
Enquanto isso, que tal reler as tiras e os textos já publicados aqui no blog ou na Fanpage do Philinus no Facebook?
A equipe do Philinus Comics deseja a todos um excelente Ano Novo, cheio de paz, amor e muita, muita diversão.
Nos vemos em 2016!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Aristóteles e a arte

Dependendo da ocasião, citar Aristóteles pode não ser a melhor das ideias. Pelo menos quando o assunto é uma arte produzida com “puro sentimento”, como a da Sarinha.

E já que a nossa artista não costuma levar desaforo para casa, resolveu responder à citação de Aristóteles feita pelo Philinus na lata. Ou melhor, com a lata.

Mas o que, afinal, Aristóteles pensava sobre a arte?

Para esse antigo filósofo grego, a arte é, basicamente, a capacidade de transformar os materiais, dando-lhes uma forma. A natureza nos oferece uma série de materiais (madeira, mármore, algodão, borracha, sons, etc) que, por estarem em estado bruto, não apresentam um aspecto ou configuração definida. Quando o homem se apropria desses materiais e os transforma de maneira ordenada, não aleatória como na natureza, ele cria algo belo. Ele cria arte. Uma peça de mobília bem feita, por exemplo, pode ser uma obra de arte.

Para Aristóteles, uma coisa bela é simplesmente o resultado do domínio que o artista tem de sua técnica. O objetivo maior da técnica é transformar aquilo que está em estado natural em algo ordenado e simétrico, onde as diferentes partes formam um todo harmônico e belo.

A música é um bom exemplo. Quantas combinações de notas musicais são possíveis? Nesse caso, as notas musicais são as diferentes partes e a melodia é o resultado da organização dessas notas em um todo – a música – ordenado e harmonioso. Para se criar a melodia, uma sucessão coerente de sons e silêncios deve ser executada. Do contrário, só ouviremos ruídos.

Para Aristóteles, portanto, a arte necessita de uma organização e uma composição harmoniosa entre as partes disponíveis.

O filósofo grego também defendia que a arte deve sempre criar algo novo. Ao fazermos uma pintura, podemos até nos inspirar em um modelo original, mas jamais conseguiremos copiá-lo. Toda criação artística é uma representação e uma transformação, não uma cópia. Se olharmos a natureza com atenção, certamente encontraremos muitas falhas ou deficiências: um tronco torto, uma fruta deformada, uma semente podre. Essas imperfeições não precisam aparecer na arte, já que esta tem a possibilidade de “corrigir” as falhas naturais e representar os objetos em seu estado de perfeição.

Podemos dizer que, para o filósofo, a arte não seria nem real nem ilusão, e sim algo situado entre os dois.

Bem, quem sabe se da próxima vez o Philinus explicar para a Sarinha o que pensava Aristóteles a respeito da arte ele não escape de outro banho de tinta? Hum… Pensando bem, é melhor não…

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O que as roupas dizem de nós

Ô, dureza! O pai do Philinus tem se esforçado para conseguir um emprego, mas a sorte parece não estar ajudando. Ele bem que tentou aparentar ser melhor que o concorrente, vestindo um sofisticado terno e colocando uma bela gravata. Pois é, mas não adiantou!

Comunicar algo por meio da vestimenta é uma característica que acompanha o ser humano desde os tempos mais remotos, quando alguém teve a ideia de se cobrir com folhas ou com uma pele de animal.

Diferentes povos, em diferentes tempos, atribuíram às roupas diversos valores associados à expressão cultural, social, religiosa, artística e até política.

No Egito Antigo, por exemplo, era proibido usar roupa de lã em templos e santuários. Esse tipo de tecido  era considerado impuro por ser de origem animal. Por isso, a maioria das pessoas usava roupas confeccionadas com linho.
Gente comum calçava sandália com correias de couro, mas políticos e sacerdotes importantes se diferenciavam por usarem calçados com correias de papiro, algo considerado de maior status na época.
Homens e mulheres das classes mais altas também usavam perucas feitas de cabelo natural e ostentavam joias grandes e pesadas.
Já os mais pobres usavam somente um tapa-sexo, andando por aí, quase que literalmente com uma mão na frente e outra atrás.

Na Grécia Antiga, a “moda” não era muito diferente: os escravos – que constituíam a camada menos favorecida da população – vestiam somente uma tanga, enquanto que as pessoas em geral usavam chiton, uma espécie de camisola enrolada no corpo e presa com alfinetes, acompanhada de um cinto de couro.
Os mais ricos costumavam tingir suas roupas com cores vibrantes e as mulheres se enfeitavam com brincos, colares, anéis, pulseiras e argolas para as pernas.

Já na Babilônia, homens e mulheres usavam túnica – espécie de camisolão comprido – acompanhada por um manto. No entanto, a vestimenta masculina era mais curta e colorida, ao passo que a feminina devia obrigatoriamente ser da cor azul e tocar os tornozelos.
Os ricaços usavam túnicas feitas de linho ou seda, e os mais pobres, quando muito, conseguiam se vestir com roupas feitas de peles de animais.

E nos dias de hoje? Será que as roupas continuam falando sobre seus usuários, suas condições e suas aspirações?

Muitas pessoas se preocupam mais com o quê vestem do que com as ideias e atitudes que cultivam, não é mesmo?

Será que cuidamos da nossa essência, aquilo que somos internamente, com o mesmo zelo e entusiasmo com que cuidamos da nossa aparência exterior? Será que uma roupa de marca, às vezes comprada com sacrifício e para não ficarmos ‘fora de moda’, revela de fato quem somos ou a classe social a que pertencemos? Ou será que ela esconde?

Como diz o grande poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare: “Oh! Que formosa aparência tem a falsidade!”

Quem sabe o pai do Philinus não esteja precisando pensar um pouco sobre essas coisas...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Sócrates e as Perguntas

Não sabemos o que é mais difícil para o pai do Philinus: arranjar um emprego ou responder às perguntas do filho!

Mas, ele vai ter que ter bastante paciência, pois, além de ser uma criança naturalmente curiosa, o Philinus ainda foi ler sobre ninguém menos que o pai de todas as perguntas: Sócrates!

Por que tamanha afeição de Sócrates por perguntar?

No tempo em que viveu (470 – 399 a.C), Sócrates estudou com dedicação as doutrinas de seus antecessores e chegou à conclusão de que elas eram um punhado de ideias incompletas e conflitantes.

Uma de suas críticas aos pensadores que vieram antes deles era que eles estavam demasiadamente preocupados em conhecer a realidade da natureza e do universo, deixando de lado o ser humano. Sócrates não deixava de reconhecer a importância daqueles conhecimentos, mas, para ele, o mais importante era conhecer o que é bom, o que é certo, o que é justo para o ser humano.

Pensando assim, Sócrates tinha inúmeras perguntas em sua cabeça, e reconhecia que ninguém tinha respostas absolutas para nenhuma delas. Desse modo, perambulava pelas ruas de Atenas lançando questões básicas sobre moral, política, crenças e comportamentos. A cada resposta dada, propunha novas perguntas, e ia, pouco a pouco, engajando seus interlocutores em uma discussão cujo objetivo não era chegar a nenhuma resposta categórica, mas promover a reflexão e a autoanálise de suas crenças. Sua ideia era fazer com que as pessoas se livrassem das falsas certezas e preconceitos que possuíam e caminhassem em direção à verdade. 

Mas, a verdade é que a verdade às vezes incomoda. Por ter uma postura crítica e racional, Sócrates exercia uma influência subversiva sobre os atenienses, pois os ensinava a pensar. Os homens poderosos tinham medo de terem seu conhecimento contestado e logo arrumaram um jeito de calar o sábio.

Sócrates foi preso por corrupção da juventude e por não aceitar os deuses reconhecidos pelo estado, introduzindo novos cultos. Sua pena? Beber cicuta, um veneno letal! Porém, antes de executar esse plano, o Tribunal de Atenas deu ao condenado uma última oportunidade de sobreviver: Sócrates poderia se defender e negar suas crenças e ideias.

Tendo por princípio que o ser humano deve lutar para preservar sua integridade acima de tudo, Sócrates optou por não abrir mão de suas convicções e preferiu morrer a ter que acatar uma visão de mundo com a qual não concordada. Toda sua vida havia sido pautada por uma conduta ética e, para ele, permanecer fiel aos seus valores lhe daria a paz necessária e a credibilidade moral para ser bem recebido pelos deuses. 

Morreu o sábio, porém não suas ideias. Os sucessores de Sócrates cuidaram de manter vivo seu pensamento, aprimorando-o e abrindo espaço para novos questionamentos e novas reflexões.

De certa maneira, podemos dizer que o Philinus é um dos herdeiros desse grande pensador. Como Sócrates, ele acredita que é perguntando que nos aproximamos da verdade e encontramos (ou contestamos!) o sentido das coisas.

Fontes consultadas: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/socrates-o-metodo-socratico-e-o-parto-das-ideias.htm

http://www.infoescola.com/filosofia/apologia-de-socrates/


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Pitágoras e os Números

Pobre Philinus… Parece que ele se enroscou com alguns números na prova de matemática. E ele chega até a citar Pitágoras para tentar aliviar a bronca da mãe.

Ah, se ele conhecesse um pouquinho mais da paixão pelos números que este grande sábio possuía... Com certeza teria recorrido a outro filósofo para tentar se livrar da encrenca!

Geralmente ouvimos falar em Pitágoras na escola, quando aprendemos seu famoso teorema. Mas a verdade é que esse antigo pensador teve uma vida muito além de catetos e hipotenusas.

Pitágoras nasceu aproximadamente em 570 a.C., em Samos, uma ilha no mar Egeu que, na época, pertencia à Grécia.

Grande parte do que se conhece a seu respeito é resultado de relatos feitos muito tempo depois de sua morte, e várias das histórias sobre ele são fantasiosas. Por isso, é complicado afirmar com precisão diversos aspectos de sua vida.  

De qualquer modo, sabe-se, com relativa segurança, que Pitágoras realizou uma longa peregrinação pelo Egito, Babilônia, Síria, Fenícia, Indostão (atual Índia) e Pérsia. Ao longo de suas andanças, acumulou conhecimentos em diferentes áreas como astronomia, matemática, ciência, filosofia, misticismo e religião.

Ao retornar a sua terra natal, planejava abrir uma escola para partilhar o que havia aprendido, mas o tirano Policrates, que então governava Samos, o fez desistir da ideia. Pitágoras, então, mudou-se para Crotona, uma importante cidade das colônias gregas que hoje pertence à Itália. Lá, fundou a tão sonhada escola, que foi batizada com seu nome: Pitagórica.

A Escola Pitagórica se tornou conhecida em todo o mundo civilizado como um grande centro de cultura e instrução, mas estudar lá não era nada fácil.

Os alunos deviam cumprir rigidamente uma série de obrigações – como passar cinco anos em total silêncio, não comer carne e ter uma fé cega em seu grande mestre.

Além disso, os discípulos praticavam a distribuição comunitária dos bens materiais e a purificação da mente por meio do estudo da Geometria, da Aritmética, da Música e da Astronomia.

Para a escola de Pitágoras, os números constituíam a essência de tudo o que existe no universo.

Observando o harmonioso movimento das estrelas, a mudança sempre constante do dia para a noite e as características de cada estação, Pitágoras e seus discípulos concluíram que a Natureza obedece a um sistema de relações e proporções numéricas, e que os fenômenos naturais podem ser traduzidos por relações e representações matemáticas.

Como dá para perceber, se o Philinus vivesse nessa época e estudasse na Escola Pitagórica, com certeza teria se dado muito mal! Portanto, o melhor mesmo é que o nosso jovem filósofo se recorde apenas do Pitágoras das idéias abstratas e das contribuições puramente filosóficas. Longe, bem longe dos números...

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Tempo, tempo, tempo...

Oops, o Philinus e o Nelinho, na HQ desta semana, chegaram atrasados na escola! Eles bem que tentaram justificar esse “probleminha com o tempo”, um apelando para a filosofia e o outro para a ciência. O problema é que a diretora só acredita em um tempo: o do seu relógio!

Para o Nelinho – que sonha em ser cientista e desde muito cedo adquiriu o hábito de formular teorias metódicas e rigorosamente racionais a respeito de tudo – o tempo talvez seja simplesmente algo determinado pela Teoria da Relatividade de Albert Einstein ou pelas Leis de Newton.

Já para o Philinus – que costuma “filosofar” bastante nas aulas de Física e, por isso, prefere explicações que não exijam nenhuma fórmula matemática – falar sobre o tempo é algo que lhe permite soltar sua imaginação e embarcar em longas viagens do pensamento.

Por exemplo, Platão (428 – 347 a.C.) estabeleceu uma diferença entre o que existe no mundo e o que não existe, o que “é” e o que “não é”. Para ele, tudo que existe no mundo real “é”. Contudo, o filósofo afirma que não vivemos em um mundo real e sim em um mundo de ideias. Isto porque nós, seres humanos, só conseguimos perceber tudo que existe por meio de sensações (visão, audição, paladar, tato e olfato). Por exemplo, uma maçã só passará a existir para nós quando a enxergarmos ou, numa experiência mais profunda, quando também a pegarmos com as mãos e percebermos sua superfície, a cheirarmos, ouvirmos o som dos nossos dentes mordendo-a e sentirmos seu gosto enquanto a mastigamos.

Só depois de experimentarmos essas sensações é que o nosso raciocínio interpretará essa maçã como sendo uma “coisa real”.

Portanto, o mundo real, para nós, só existe porque primeiro o sentimos e, depois, o apreendemos por meio do raciocínio.

O problema é que as sensações variam de pessoa para pessoa. Por exemplo, algumas sentem mais frio que outras, ou preferem uma determinada marca de chocolate, por acharem as demais exageradamente doces.

Sendo assim, Platão conclui que este mundo que vivenciamos não é real – ou, em outras palavras, “não é” –, porque cada um sente e interpreta as coisas a seu modo.

Por essas e outras é que, para Platão, o tempo, na prática, não existiria, uma vez que faz parte do mundo das ideias, do mundo que é experimentado por nós exclusivamente por meio de sensações que variam de pessoa para pessoa.

O filósofo alemão Edmund Husserl (1859 - 1938) parece concordar com Platão no que diz respeito ao tempo estar relacionado a algo dentro das pessoas e não ao que está fora delas. Para ele, no entanto, a experiência do tempo está diretamente ligada à percepção que temos das coisas.

Uma boa maneira de entendermos essa visão é observarmos como nossa noção do tempo varia dependendo da situação em que nos encontramos. Por exemplo, quando assistimos a um filme que nos prende a atenção ou passamos momentos muito agradáveis papeando com os amigos, costumamos dizer que o tempo voou, não é mesmo? Os aficionados por video-game passam horas jogando e depois dizem que parece não terem ficado nem quinze minutos fazendo aquilo. Por outro lado, quando ficamos presos no trânsito ou somos obrigados a fazer alguma coisa chata, o tempo parece andar feito uma tartaruga!

Como se pode observar, o tempo oferece muitos caminhos e muitas possibilidades de interpretação, de modo que nem todo o tempo do mundo seria suficiente para chegarmos a alguma conclusão.

No campo da filosofia, no entanto, pelo menos para Platão e Husserl, uma coisa parece certa: “tempo” é algo que não se define exclusivamente pelos relógios, mas, principalmente, pelo que se passa em nossa mente.

Ih, já passou da hora de terminar esse post! Até o próximo!

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Um momento-sorvete

Hummm… o Philinus, esta semana, resolveu seguir à risca o conselho de Sêneca: “Apressa-te a viver a vida”. E não perdeu tempo; correu para a geladeira e se empanturrou de sorvete, sua guloseima preferida.

Bem, a verdade é que não sabemos se, depois disso, ele não ganhou uma baita dor de barriga!


Mesmo assim, quem é que de vez em quando não tem vontade de deixar os compromissos para depois e se jogar de cabeça naquilo que mais gosta de fazer?


O dia a dia da nossa sociedade moderna é, para a maioria das pessoas, marcado por um excesso de atividades e obrigações. Estamos constantemente metidos em tarefas chatas, horários marcados, compromissos burocráticos, e muitas vezes deixamos de lado os momentos de lazer e diversão.

Por outro lado, a vida em sociedade exige de nós algumas regras e limites, como condição para que todos possam viver minimamente em harmonia. E essa condição, evidentemente, implica em uma boa dose de renúncia. Afinal de contas, que criança ou adolescente pode se dar ao luxo de faltar à escola quando lhe dá na telha e ficar em casa de bobeira, navegando na internet ou jogando vídeo-game? Ou, que adulto consegue simplesmente faltar ao trabalho e ir bater papo com os amigos? O próprio Sêneca, autor da frase que o Philinus leu, entendia muito bem dessas renúncias.

Contemporâneo de Jesus Cristo, Sêneca foi um dos mais importantes advogados, escritores e intelectuais do Império Romano. Embora fosse rico, levava uma vida extremamente modesta: bebia somente água, comia pouco e dormia sobre um colchão duro. Defendia que a ética e o cumprimento do dever eram a forma correta de se viver a vida. Para ele, o abandono dos bens materiais e a busca da tranquilidade mediante o conhecimento e a contemplação eram o caminho para uma vida plena. Sêneca acreditava no destino e pensava que o homem sábio é aquele que aceita seu destino de livre vontade, tornando-se, por esse motivo, livre. Para alcançar esse objetivo, defendia ele, necessitamos superar os afetos que perturbam nosso espírito, como a relutância, a cobiça, a vontade e o receio. 

Mas é claro que ninguém é de ferro! Às vezes, todos nós nos presenteamos com um ‘momento-sorvete’, tal como o Philinus fez, não é verdade?

Será que, apesar de todas as obrigações e tarefas do nosso dia a dia, encaixar momentos de maior prazer e satisfação não torna a nossa rotina mais suportável? Praticar um esporte, assistir a um bom filme, ler um gibi, conversar com um amigo, dar um abraço em quem se ama, rir ou até mesmo ficar sem fazer nada, só brisando. Ou, quem sabe, se deliciar com um belo sorvete!

O final da citação de Sêneca nos convida a refletir sobre essas questões: “Cada dia é por si só uma vida”. 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Tudo o que sei é que nada sei

Parece que o Philinus está mesmo interessado em desvendar os oráculos do seu livro de filosofia. Na HQ desta semana, vemos que ele continua firme na sua leitura.


Mas, olha só a citação que ele foi encontrar: “Todo o meu saber consiste em saber que nada sei”. Tudo o que se sabe é que nada se sabe? Como assim? Por que Sócrates teria dito algo aparentemente tão contraditório?

Afinal de contas, quem foi Sócrates?


Sócrates foi um sábio grego antigo que viveu entre aproximadamente 469 a.C e 399 a.C. Vivia como os demais gregos do seu tempo: serviu como soldado e constituiu família. Mas no final de sua vida, dedicou-se ao autoconhecimento. E o que descobriu Sócrates em sua busca? Descobriu que os chamados “sábios” de sua época eram, na verdade, pessoas cheias de pré-julgamentos, que não admitiam diálogo e que acreditavam no conhecimento já existente, sem questioná-lo.



Sócrates não queria ser um sábio assim. Andando pelas ruas de Atenas, dialogando com as pessoas e observando o mundo à sua volta, viu que podia aprender muito mais com o olhar de um jovem ainda livre de preconceitos e com as coisas simples da natureza. Viu também que quando olhava para as pessoas de igual para igual, sem se sentir melhor que elas, podia aprender muito mais, já que elas eram tão diferentes e interessantes.



Daí ele ter dito então: “Tudo o que sei é que nada sei.” Ou seja, ninguém é sábio o bastante que não possa aprender com os demais. E por mais que a gente entenda das coisas ou das pessoas, sempre podemos aprender algo a mais.


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Um oráculo



Na semana passada vimos o Philinus ganhar um livro de filosofia da mãe. Pelo visto ele gostou do presente já que, como vemos na HQ desta semana, ele carrega o livro para todo lado, até para o parquinho da escola.

No entanto, nem tudo o que lemos conseguimos entender de cara. Parece que o Philinus está tendo certa dificuldade em compreender algumas partes do seu livro.

Mas isso é absolutamente normal, uma vez que a filosofia é um assunto ainda desconhecido para ele. O novo é sempre um território inexplorado, e é aos poucos que vamos nos acostumando e conhecendo onde estamos pisando.

O que certamente vai ajudar o Philinus são sua curiosidade e sua vontade de aprender.

Seu grande amigo Nelinho já deu uma dica para ele. Os textos de filosofia às vezes funcionam como oráculos.

Mas, o que é um oráculo?


A palavra oráculo pode ter vários significados.
O primeiro deles é “uma mensagem misteriosa”. Os povos da antiguidade tinham por hábito consultar uma ou mais divindades sempre que necessitavam de ajuda ou de algum esclarecimento. Assim, o oráculo era uma resposta divina a alguma pergunta ou questionamento humano.
Às vezes, a divindade enviava a resposta por meio de uma pessoa especial, que funcionava como um mensageiro, que então transmitia a mensagem ao humano que fez a pergunta. Esse mensageiro funcionava como um oráculo.
Por fim, um oráculo pode se referir também ao próprio templo ou santuário onde a pergunta foi feita.
Qualquer que seja o sentido, uma coisa é certa: a resposta não vem pronta e precisa ser interpretada.
Acho que o Philinus vai precisar por a cabeça para funcionar se quiser entender as ideias do seu livro.
Mas, quem sabe ele não encontra algo bem próximo a ele que o ajude a entender melhor esses tais ‘oráculos’.
Na semana que vem, vamos descobrir...

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Philinus e a Filosofia

Na HQ (história em quadrinhos) da última terça-feira, o Philinus ganhou da mãe um livro de filosofia. Esse é um presente para o qual talvez a maioria das crianças torcesse o nariz.

Mas o Philinus, por ser curioso e gostar muito de ler, parece ter curtido. Quem sabe ele já não tenha ouvido falar alguma coisa sobre filosofia na escola e se interessado? O assunto, no entanto, como veremos nas HQs seguintes, ainda é algo novo para ele.

A palavra filosofia tem origem na Grécia e é composta de duas outras palavras: philo, que significa amor (ou amizade), e sophia, que traduzimos como sabedoria ou conhecimento. 

Assim, filosofia expressaria uma ‘amizade pela sabedoria’ ou um ‘amor e respeito pelo saber’.

A história registra que a primeira pessoa a usar essa palavra foi Pitágoras de Samos, um filósofo e matemático que viveu na Grécia, provavelmente, entre os anos 571 a.C. e 496 a.C. Segundo ele, a sabedoria plena e absoluta pertence aos deuses, mas os seres humanos podem amá-la e desejá-la, tornando-se filósofos.

Pitágoras de Samos / Wikimedia Commons

Algum tempo depois, outro filósofo grego chamado Platão – que viveu entre 428 a.C. e 347 a.C. – disse que o amor (philos) pode ser definido como carência, ou melhor, desejo de algo que não se tem. Sendo assim, a filosofia resulta do desejo de procurar sabedoria e o filósofo, ao contrário do que muita gente imagina, não é uma pessoa que sabe tudo, mas alguém que busca continuamente o conhecimento.

Platão / Wikimedia Commons

Certamente o Philinus gosta de conhecer coisas novas e, talvez por isso, não tenha se intimidado diante do “presente de grego” que a mãe lhe deu.

Mas aonde isso vai dar de verdade, só descobriremos com o desenrolar dessa história.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Todo filósofo é uma criança


Todos nós já fomos criança um dia. E, como toda criança, fizemos muitas perguntas.
“Quem é Deus?”, “Por que chove?”, “De onde eu vim?”, “Por que eu tenho que ir à escola?”, “O que é namorar?”
São tantas perguntas que brotam da cabeça de uma criança que daria para fazer uma grande horta, com pontos de interrogação saindo pelas orelhas como ramas de cenoura!
Mas, por quê?
Por que a criança é esse ser tão curioso e cheio de imaginação? E por que essa curiosidade vai diminuindo na maioria de nós à medida que crescemos?

De maneira geral, a vida adulta é formada de regras rígidas e silenciosas, de verdades um tanto formatadas dentro de visões de mundo muitas vezes impostas por determinados setores da sociedade e – por que não? –, de metas de vida que perseguimos sem sabermos exatamente por quê ou para quê. Estamos tão habituados ao mundo e às coisas que nem paramos para nos perguntar sobre o que vemos, sentimos e acreditamos. Simplesmente seguimos o caminho que a sociedade nos coloca e pronto.

As crianças, por outro lado, não costumam aceitar tão passivamente ‘as regras do jogo’. Elas possuem imaginação, capacidade de se espantar diante de fatos aparentemente banais, vontade de conhecer coisas novas e, principalmente, coragem para perguntar: “POR QUÊ?”. Essas características, não por acaso, definem o filósofo.

Então, quer dizer que toda criança é um filósofo?

Bem, nós, do blog do Philinus, acreditamos que sim e em algo além: acreditamos que todo filósofo deve ser, antes de tudo, uma criança, exatamente por ser ele aquele que cuida de preservar o espírito inquisitivo, crítico e contestador que herdamos da nossa infância. Não é casual, portanto, que os protagonistas da nossa tira sejam crianças.
Aceita um convite para ver tudo isso de perto?
Venha junto com a gente acompanhar e participar das peripécias de Philinus e sua turma.

Este blog vai funcionar assim:

Toda terça-feira, sempre uma tira inédita para você rir e pensar (e compartilhar, claro).

Toda quinta-feira, um texto leve e descontraído para pensarmos juntos a respeito de tudo – da vida, do tempo, do amor e até do próximo filme do Star Wars (ora, vai dizer que entretenimento também não merece um olhar filosófico?).

Seja bem-vindo(a)!